04/05/2008

Que jornalismo é esse?


O que parecia ser apenas uma incursão aventureira no campo do jornalismo - para desbancar as opiniões mais descrédulas - se consolida cada vez mais como um concorrente direto frente aos veículos convencionais de comunicação social. Enquanto muitos blogueiros dão demonstrações de que têm competência para fazer jornalismo, e muitos jornalistas blogueiros dão cada vez mais respaldo a essas iniciativas, cresce a credibilidade e a procura por esses nichos no ciberespaço, que abriga a cada dia mais e mais internautas tanto como leitores quanto como produtores de conteúdo.


Extra-Oficial


A escolha inédita de um blog como vencedor da categoria Internet do prêmio Herzog, um dos mais conceituados do jornalismo brasileiro, em 2007, é um forte indicativo de como essa modalidade de profusão de conteúdos vem conquistando cada vez mais créditos, a exemplo do PEbodycount.


O blog, que levou o prêmio desbancando os grandes sites de informação, é um exemplo de como os blogueiros tem "corrido por fora" dos meios de comunicação oficiais. Enquanto a maioria desses sites limitam-se a reproduzir notícias produzidas para outras mídias que fazem parte do conglomerado (TV, rádio, revistas e jornais impressos), ou a publicar em notas rápidas e superficiais as "notícias de última hora", o PEbodycount mostra como é possível produzir conteúdo interessante e aprofundado exclusivamente para a Internet.

Segundo o jornalista André de Abreu, a conquista do blog é ainda maior para o Jornalismo Digital como um todo, pois "prova que reportagem investigativa também tem o seu lugar e pode ser feita na Internet". (E o Herzog vai para... um blog!)


Quando a opinião vale mais

Em seu Diário da Tribo, Fábio Reynol, jornalista e escritor, segundo ele mesmo "com mais de cem obras não publicadas e mais de trezentas impublicáveis", publica periodicamente "as notícias de um país de tanga na mão e corda no pescoço". "Eu o considero jornalístico porque trabalho com ele um gênero literário que se encaixa bem e até é utilizado em muitos veículos jornalísticos: a crônica. Através de vários textos do Diário da Tribo, um leitor no exterior, por exemplo, poderia se informar sobre o cotidiano do Brasil mesmo se tivesse acesso somente a esse blog", argumentou o autor, em entrevista concedida pelo GTalk.


"Claro que também abordo generalidades em alguns posts, e mesmo esses textos trazem a visão e a opinião de um brasileiro. Em alguns casos, há textos estritamente opinativos, encaixando-se, portanto, em outro gênero bem jornalítico, o artigo", complementa.

Repórter especialista em ciência e tecnologia, Reynol escreve reportagens para vários veículos da área, como as revistas "Ciencia e Cultura" (SBPC), "Inovação" (Instituto Uniemp) e "ComCiência" (Labjor Unicamp e SBPC). Também escreve esporadicamente para outras revistas como a da Livraria Cultura e produz as notícias do site Telecurso TEC, da Fundação Roberto Marinho.

Reynol é um dos pioneiros na popularização dos blogs como veículos jornalísticos. Antes do Diário da Tribo ser um blog (no ar desde 2001), era uma home page. "Na época os blogs não eram tão populares e ainda não havia ferramentas práticas para postar textos na internet. Antes dele tive uma página piloto, feita em 1996. Era toda em html e dava um trabalhão para atualizar os textos, porque também estavam começando os editores de páginas eletrônicas", lembra.


Blogs como suporte da mídia convencional

Apesar de terem nascido legitimamente independentes, com o passar do tempo, e a serviço da conquista de credibilidade, passaram a surgir blogs associados a outros canais de comunicação dos meios convencionais.

Colunistas, comentaristas, cronistas e repórteres passaram a "alimentar" seus espaços na internet com comentários dos comentários, bastidores de reportagens e conteúdos extras ao material veículado originalmente na imprensa tradicional. De certa forma essas ações originaram uma relação de troca onde a mídia convencional passou a "legitimar" os blogs, afinal, se você confia naquele que publica seus textos no jornal, ou fala na TV e no rádio, porque não lhe daria crédito também na Internet?

Exemplo disso é o blog que eu mesma mantenho, que com o objetivo de manter um arquivo on line das matérias que escrevo acabou se tornando uma forma dinâmica de portfólio, pois é constantemente renovado. Além de vitrina do meu trabalho, também é utilitário, já que contém informações atualizadas sobre um grande número de atividades culturais em Pelotas/RS, que é o meu foco de atuação neste momento.


Nesse caso, o conteúdo é praticamente idêntico ao que é publicado no jornal, no mesmo dia. Praticamente idêntico. As principais mudanças são evidentes, principalmente com relação ao formato e à diagramação. Mas o texto, salvo algumas correções que se tem a possibilidade de fazer, é o mesmo, com a vantagem de que são acrescentados alguns hiperlinks, ampliando as dimensões da leitura.

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